quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Métodos para refinar o ouro


O refino de ouro é um método utilizado pelos técnicos de joalharia para recuperar a limalha de ouro resultante do fabricação de jóias, e também jóias de ouro que já não são usadas, também designado pelos leigos por reciclagem de ouro. Este é um método que permite o refino de vários ligas de ouro amarelo até aos 23k. Muitos joalheiros consideram o ouro refinado (reciclado) como ouro de 22k e fazem uma liga que se adeqúe depois ao ouro de 19.2k (ouro português) ou 18 kt ouro internacional. Esta margem de erro permite ligar o ouro com confiança sem que se corra o risco de estar acima da liga permitida por lei.

O processo utilizado para refinar (reciclar ouro 24k) o ouro utiliza uma solução de 70% de acido nítrico e é necessário ter cuidados redobrados no manuseamento deste tipo de produtos químicos, altamente corrosivos. Os descuidos podem ter um preço demasiado caro, então, neste caso é melhor aprender as lições de segurança antes que aconteçam quaisquer acidentes.

Apenas o ouro amarelo se pode Refinar o ouro com ácido nítrico, o paládio do ouro branco não se dissolve com o ácido nítrico, tal como a platina é resistente ao ácido nítrico.

Existem vários métodos para refinar o ouro no entanto vamos abordar 2 métodos:

1. Um é a recuperação de jóias velhas usadas
2. Outro a recuperação de limalhas de ouro recuperadas durante a fabricação de jóias

Recuperação do ouro contido em jóias velhas usadas, refinar o ouro (reciclagem de jóias)

Para recuperação de 20 gramas de ouro em jóias velhas usadas, é necessário fundir esse mesmo ouro com cobre 5 vezes o peso do ouro. Ou seja, Para 20 gramas de ouro, fundir mais 100g de cobre. este procedimento facilita o processo de refino do ouro.

Este é um procedimento um pouco diferente do refino do ouro na recuperação de limalhas, como veremos a seguir. A reciclagem ou refino das jóias, por terem uma superfície muito extensa, comparativamente com a limalha de ouro, precisam de alguns procedimentos antes de serem expostas ao ácido nítrico.

As jóias de ouro tem de ser fundidas com 5 vezes o seu peso total do ouro em cobre puro (ex. a 10g de ouro juntar e fundir com 50g de cobre puro), e depois do ouro e o cobre estarem em estado liquido, esta liga é vazada para um recipiente grande com água. Assim que o metal fundido toca na água cria grânulos de metal, tipo gotas. É importante que o metal seja transformado em grânulos o mais pequenos possível para que o processo de refino do ouro seja o mais eficaz possível.

A junção do cobre ao ouro tem como função expor o ouro o máximo possível ao cobre para que seja feita a separação das partículas do ouro em contacto com o ácido. Ou seja, a exposição das jóias sem serem fundidas com o cobre, não permitiria a acessibilidade do ácido às partículas de cobre no interior da jóia e assim fazer o refinamento total do ouro.


Pesar o ouro e o cobre para fundir
2.Fazer a fundição o ouro, lembrar de colocar borato de sódio (borax – fundente).
3.depois de fundido, o metal em estado liquido deve ser virado para um recipiente grande cheio de água (de preferência um recipiente metálico, ou com um outro. recipiente de metal no fundo do alguidar)
4.Vazar o metal para a água forma uma espécie de gotas de metal que vai facilitar a corrosão do ácido.
5.Agora o processo essencial de refino do ouro, a corrosão de metais complementares como o cobre e prata contidos na liga. para tal colocar o metal no ácido nítrico a 70% com água, Atenção colocar primeiro a água no recipiente e só depois o ácido. Deitar o metal no ácido para que haja uma reacção de corrosão sobre todo o cobre e prata já contido na liga. O ácido vai fazer um fumo muito intenso, é importante o uso de mascara e ter os espaço muito bem ventilado para não haver qualquer inalação de fumos. Depois de pararem os fumos, colocar um pouco mais de acido até não haver mais reacção e assim garantir que todo o cobre e prata são completamente corroídos e que apenas permanece o ouro refinado.
6.Escoa-se todo o ácido para uma vasilha de plástico, deixando apenas o ouro, fazer várias lavagens com água. Pode-se colocar bicarbonato de sódio na primeira passagem de água para neutralizar o ácido e escorrer completamente.
7.Depois de todo o processo de refinar ouro estar completo, deve-se embrulhar a limalha de ouro numa folha de papel extra fina (como por exemplo os guardanapos de pastelaria) para a limalha não voar com o vento do maçarico. Colocar no cadinho (ou Crisol) e deitar álcool polivinilico e por borato de sódio (borax). Quando direccionar o maçarico, ter cuidado para que o vento não espalhe a limalha de ouro para fora do cadinho.
8.Deitar álcool polivinilico e borato de sódio (borax) e fazer a fundição e vazar para uma lingoteira.
9.Retirar o lingote de fio, deixar arrefecer e colocar no branqueamento ou decapagem.

Outro a recuperação de limalhas de ouro recuperadas durante a fabricação de jóias

Na Joalharia ao realizarem-se os trabalhos em ouro no processo de fabricação, ao limar, serrar, etc. vão-se acumulando desperdícios de ouro designados como limalha de ouro. Visto que o ouro é um metal dispendioso é extremamente compensador fazer o reaproveitamento dos desperdícios de ouro.



Antes de fundir a limalha de ouro é necessário proceder a alguns procedimentos antes:

Deve-se, em primeiro lugar retirar todos os resíduos metálicos ferrosos, como restos de serras, brocas ou outros tipos de lixo metálico indesejáveis, para tal, utilizar um himan forte e passar por toda a limalha várias vezes. Ir limpando o íman e voltar a percorrer toda a limalha, fazer este procedimento varias vezes até verificarmos que o íman não colecta mais nenhum resíduo metálico ferroso, como aço ou outros.
2.O próximo passo para a refino do ouro, é queimar todo o lixo orgânico, como madeira, papel de lixa e outros tipos de lixo que arde a temperaturas relativamente baixas. Para fazer a queima, colocar a limalha dentro de uma concha de sopa velha metálica e calciná-la (com o maçarico, e dar calor no fundo da concha até queimar tudo) ir mexendo a limalha para garantir que todo o lixo orgânico está todo queimado.
3.Limalha já liberta de resíduos organicos.
4.Para continuar o processo de refinar o ouro, colocar dentro de um recipiente de plástico o ácido nítrico a 70% com água, Atenção colocar primeiro a água no recipiente e só depois o ácido. Deitar o metal no ácido para que haja uma reação de corrosão sobre todo o cobre e prata já contido na liga. O ácido vai fazer um fumo muito intenso, é importante o uso de mascara e ter os espaço muito bem ventilado para não haver qualquer inalação de fumos. Depois de pararem os fumos, colocar um pouco mais de acido até não haver mais reacção e assim garantir que todo o cobre e prata são completamente corroídos e que apenas permanece o ouro refinado.
5.Escoa-se todo o ácido para uma vasilha de plástico, deixando apenas o ouro, fazer várias lavagens com água. Pode-se colocar bicarbonato de sódio na primeira passagem de água para neutralizar o ácido e escorrer completamente.
6.Depois de todo o processo de refinar ouro estar completo, deve-se embrulhar a limalha de ouro numa folha de papel extra fina (como por exemplo os guardanapos de pastelaria) para a limalha não voar com o vento do maçarico. Colocar no cadinho (ou Crisol) e deitar álcool polivinilico e por borato de sódio (borax). Quando direccionar o maçarico, ter cuidado para que o vento não espalhe a limalha de ouro para fora do cadinho.
7.Deitar álcool polivinilico e borato de sódio (borax) e fazer a fundição e vazar para uma lingoteira.
8.Retirar o lingote de fio, deixar arrefecer e colocar no branqueamento ou decapagem.

Estas são duas técnicas para Refinar ouro, o Refino do ouro é uma técnica de reciclagem do ouro essencial e deve ser conhecida por qualquer técnico de joalharia e ourivesaria.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Profissão de mestre e Aprendiz

Alan Calijorne se preocupa em passar sua tradição para frente. Foi seu tio Milton Cruz quem lhe inspirou o gosto pela profissão de ourives, mas Alan não teve oportunidade de transmitir sua arte para um familiar e, por isso, montou um curso em sua casa, no bairro Prado, onde ensina a fabricação de jóias para quem se interessa.

Aos 13 anos de idade, após a morte de sua mãe, Alan deixava Sabará e chegava a Belo Horizonte onde foi morar com parentes. Seu tio, Mário Baptista, trabalhava na joalheria Theodomiro Cruz, a primeira de Belo Horizonte. Aos 17 anos, Alan confeccionou sua primeira jóia. “Eu aprendi só observando. Ele me mandava olhar e dava uma peça para eu fazer”, lembra Alan.

Aos 25 anos, Alan se aperfeiçoou no ofício através da influência do Italiano Giorgio Bertapelli, ourives que veio exercer sua arte no Brasil. Alan conheceu Giorgio por meio de um incidente com o governo brasileiro: Bertapelli trazia de seu país maquinários que foram detidos no porto de Santos, no estado de São Paulo. Depois desse episódio, o italiano foi trabalhar na joalheria da família Cruz.

Desde então, Alan buscou aprimorar suas técnicas através de cursos e de aprendiz, ele se tornou mestre. Em 54 anos de trabalho, ele passou a arte para mais de mil alunos, entre eles, nomes que mais tarde se tornaram famosos na área de desenho e fabricação de jóias. Alan recebeu críticas por passar o ofício adiante, pois estaria promovendo concorrência contra ele mesmo. Mas a convicção do ourives não muda: “Falam que crio cobra para me picar; mas acho que a arte tem que prevalecer”, ressalta.

De acordo com Alan, hoje não existe ourives como antigamente, que participava de todos os processos de fabricação da jóia. Foram criadas tecnologias que suprem várias etapas do trabalho. “Aquele ourives que fazia tudo acabou. Hoje existe um programa de computador que desenha jóias e uma máquina que te dá o anel pronto, com todos os detalhes que você quiser”, diz. Mas ainda há funções que não podem ser substituídas, como o cravador, que é responsável por encaixar pedras em jóias. “Felizmente nenhum computador é capaz de cravar uma pedra em uma jóia. Por melhor que seja pedra, ela pode ter milímetros de imperfeição que o computador não consegue detectar”, explica.



O ourives Alan Calijorne acredita que não há mais
profissionais da área como antigamente


O sociólogo Carlos Felipe Horta, presidente da Comissão Mineira de Folclore e autor de 19 livros que tratam de temas como cultura e tradição, explica que, ao longo do tempo, é comum haver mudanças na estrutura das profissões, pois a sociedade também se modifica. “A sociedade urbana acaba exigindo certos tipos de trabalhos que antes não eram necessários”, afirma. Segundo ele, o costume das famílias em passar a profissão a cada geração foi ficando mais raro devido à idealização que os pais passaram a ter a respeito dos filhos. “O pai não quer que o filho seja igual a ele. Ele quer que o filho seja mais do que ele”, observa. Pensando num futuro melhor, explica Carlos Horta, os pais lutam para que os filhos tenham a oportunidade de estudar e escolher a própria profissão.

Mesmo diante de uma sociedade que, cada vez mais, demanda novos trabalhos e exige a especialização de atividades, o sociólogo não acredita que as profissões vão acabar, mas se modificar. “Hoje existe o ourives que desenha as jóias para quem tem maior poder aquisitivo e o ourives que as pessoas procuram só para fazer a aliança”, diz. Ele lembra que alguns ofícios sofreram mais com as mudanças do tempo, mas acredita que as profissões sobrevivem a medida que vão encontrando novas realidades e se adaptando a elas.

Reportagem feita em conjunto com Thaíne Belissa e Alice Maciel, para publicação no jornal Hoje em Dia.

A reportagem é sobre como algumas profissões ainda sobrevivem através do ensino de mestres para aprendizes

http://manoelasantos.wordpress.com/